Férias e Ex-namorados

Ter férias no início do Outono, não tem piada nenhuma, mesmo numa semana com feriado, só seria bom se tivesse planos para ir para fora, mas não era o caso, e ou tirava agora ou era nunca, também estava mesmo a precisar, depois de dois meses de Verão bastante cansativos, mas a minha boss teve que me arranjar "trabalho", uma formação, tudo bem, eu até gosto destas formações e como era num hotel no centro de Lisboa, fui uma hora antes para dar um passeio pela Baixa/Chiado.

Entrei na FNAC para ver as novidades e acabou por se tornar num local deprimente, quando temos os "tostões" todos contadinhos até ao fim do mês, quando ía nas escadas rolantes em direcção à saída, vejo-o. O meu ex-namorado, faz agora um ano que nos conhecemos e iniciámos a nossa curta relação que durou até Janeiro de 2006. Como já não o via desde essa data, pensei duas vezes se lhe falava ou não, mudei de visual e ele não reparou em mim (o meu cabelo mudou de louro para ruivo escuro, foi o suficiente para ter mudado bastante o meu look), mas sorri para ele e ele reconheceu-me, parou para me cumprimentar.

Foi esquisito estar ali com ele, a falarmos como se fossemos velhos amigos que não se vêem à muito tempo, não senti nada, nem nervosa, nem nada, zero emoções (para alguém tão emocional como eu, isto é estranho, muito estranho). Tivemos uma conversa de cinco minutos, nada de especial e cada um foi à sua vida.

Agora, o incrível mesmo é ter encontrado o meu anterior ex-namorado uma semana antes. No espaço de uma semana encontro os meus dois ex-namorados, isto acontece muitas vezes?? Não me parece. Aconteceu-me a mim, a mim acontecem-me sempre estas coisas estranhas.

Este, eu já não o via desde Janeiro de 2004, terminamos no dia 1 (a minha sina com Janeiro) já passaram quase 3 anos. Tinha estado a almoçar em casa dos meus pais e fui dar uma volta pelo Shoping para fazer tempo para apanhar o bus para casa (eu e os "meus fazeres tempo"), comecei a dirigir-me para a loja dos produtos naturais e vejo-o na fila da caixa para pagar, a única coisa que senti naqueles segundos, foi o meu cérebro a registar que era ele e que eu tinha que desaparecer dali o mais depressa possível, e foi o que fiz. Felizmente ele não me viu.

Não sei bem o que senti, além de ter ficado com as pernas a tremer, o pouco que vi dele, pareceu-me alguém tão diferente, alguém para quem eu nunca olharia se passasse por mim na rua, está envelhecido e com uma magreza exagerada, mas o meu coração lembrou-se que já bateu fortemente por ele e apesar de tudo naquele segundo voltou a bater.

Enquanto me afastava do shoping e ia a caminho de casa, a minha mente disparou em diversas perguntas "não me viste, porque eu não dei oportunidade para que isso acontecesse, mas se me visses, será que me falavas? que farias? pedirias o meu contacto? durante estes anos, fui cortando todos os tipos de contactos que tu podesses utilizar para me encontrar, em Setembro faz um ano que recebi o teu ultimo contacto através da net e ficaste sempre sem resposta.

Mas ficaste no meu pensamento naquela tarde e durante as minha férias, sem saberes apareceste-me inesperadamente e estragaste-me as férias, porque eu só pensava no que teria acontecido se tivesse sido o contrário. Talvez deva agradecer, por ter sido assim e sei agora definir melhor o que senti, foi um misto de medo e angustia por saber que te posso encontrar em qualquer lugar sem estar à espera e que um dia terei de te enfrentar, mas espero que quando esse dia chegar eu esteja mais forte, porque percebi o quanto estou frágil, por tudo o que me fizeste de mal, por seres um destroço de uma família destroçada e me teres deixado destroçada, quando tudo o que te dei foi algo que nunca tiveste, e atrevo-me a dizer, que nunca vais ter e não o mereceste.